O lúpus é uma doença autoimune, inflamatória, que tem entre seus sintomas a artrite, que é a inflamação das articulações. Entenda mais sobre a doença neste artigo
As doenças reumatológicas nem sempre são facilmente entendidas pelas pessoas. Existem até casos em que o paciente sente dores e rigidez nas articulações, mas fica na dúvida se deve procurar um reumatologista ou um ortopedista. Uma delas, o lúpus, algumas pessoas acreditam estar relacionada à artrite, como se fossem duas doenças.
O lúpus eritematoso sistêmico, ou simplesmente lúpus, é uma doença, enquanto a artrite é um sintoma comum a algumas doenças reumáticas autoimunes, como a artrite reumatoide e a artrite psoriásica. Nessas condições, ocorre um processo inflamatório crônico, que muito comumente acomete as articulações, principalmente das mãos, dos pés e dos joelhos.
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Lúpus-artrite: o que difere cada condição?
Como já dissemos, lúpus é uma doença e artrite é um dos principais sintomas do lúpus eritematoso sistêmico. Ou seja: existe uma relação lúpus-artrite, mas essa relação não pode ser vista como se fossem duas doenças distintas, mas sim como sendo a artrite um sintoma do lúpus.
Existe um entendimento incorreto sobre a relação lúpus-artrite. O que ocorre é que a inflamação generalizada causada pelo lúpus pode acometer as articulações, resultando em quadros de artrite.
A artralgia, que consiste na dor nas articulações, é um dos sintomas mais frequentemente presentes em pacientes com lúpus, aumentando o entendimento de que há uma relação próxima entre lúpus e artrite.
Mas o que é lúpus?
O lúpus é uma doença autoimune na qual o sistema de defesa do organismo é extremamente ativo, atacando tecidos saudáveis do corpo que são erroneamente entendidos como ameaças pelo sistema imunológico.
Uma vez que o lúpus causa uma reação exagerada do sistema imune, a doença pode gerar diferentes sintomas em vários locais do corpo, podendo acometer a pele e as mucosas, os rins e demais órgãos, como coração e cérebro.
Em geral, nos casos em que há relação entre lúpus e artrite, ou seja, quando o sintoma artrite está presente no lúpus, as articulações acometidas com mais frequência incluem as das mãos, dos joelhos, dos ombros, dos cotovelos e dos pés.
Mas é preciso destacar que a artrite relacionada ao lúpus é menos grave que a artrite reumatoide, por exemplo, sendo menos destrutiva no longo prazo, além de acometer articulações distintas.
A relação entre lúpus e artrite demanda atenção do paciente e adequado diagnóstico médico, visando o início do tratamento e acompanhamento, ainda que o lúpus eritematoso sistêmico seja uma doença sem cura.
Principais sintomas do lúpus
Devido à inflamação crônica, os sintomas do lúpus podem variar, mas alguns mais comuns incluem:
- Febre;
- Perda de peso e de apetite;
- Fraqueza e desânimo;
- Dor nas articulações;
- Rigidez muscular e inchaço;
- Vermelhidão na face;
- Queda de cabelos;
- Lesões na pele que pioram durante exposição ao sol;
- Sensibilidade à luz solar.
Esses sintomas variam em intensidade de acordo com a fase de atividade ou remissão da doença, ou seja, aparecem de forma intensa durante alguns dias ou semanas e depois voltam a desaparecer, mas também existem casos em que os sintomas se mantêm sempre de forma constante.
Eles também podem surgir isoladamente ou em conjunto e podem ocorrer ao mesmo tempo, ou de forma sequencial. Crianças, adolescentes ou mesmo adultos podem apresentar inchaço dos gânglios (ínguas), que geralmente é acompanhado por febre e pode ser confundido com os sintomas de infecções como a rubéola, por exemplo.
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Causas do lúpus
Apesar de não ter as causas completamente esclarecidas, entende-se que o lúpus pode surgir em pacientes com predisposição genética à condição, especialmente após exposição a fatores ambientes, como infecções virais variadas e à luz solar sem proteção.
Estima-se que a patologia acometa cerca de 65 mil pessoas no Brasil, sendo mais frequente entre as mulheres, principalmente entre 20 e 45 anos.
Para não haver dúvidas sobre se existe ou não uma relação entre lúpus e artrite, veja outras doenças em que a artrite é muito comum:
- Osteoartrite: desgaste progressivo das articulações, sendo mais comum em pessoas idosas. Apresenta níveis menores de inflamação crônica;
- Artrite reumatoide: é uma doença inflamatória crônica que pode afetar várias articulações. A causa é desconhecida e acomete as mulheres duas vezes mais do que os homens. Inicia-se geralmente entre 30 e 40 anos e sua incidência aumenta com a idade;
- Espondilite anquilosante: doença autoimune comum entre jovens, principalmente homens, que se caracteriza principalmente por dor nas costas, que surge com mais frequência pela manhã, com rigidez, e que pode também causar artrite, principalmente nos joelhos e pés;
- Artrite psoriásica: associada à psoríase, pode ter acometimentos muito semelhantes à artrite reumatoide e à espondilite anquilosante, sendo muitas vezes mais destrutiva. Pode ocorrer mesmo em quem não tem lesões de pele, se essa pessoa tiver um familiar próximo afetado.
No longo prazo, a artrite compromete a mobilidade e a flexibilidade dos pacientes, pois causa inflamações nas juntas decorrentes da inflamação crônica pelo ataque do sistema de defesa a partes da articulação, o que causa destruição da cartilagem, dos ligamentos e até dos ossos, levando a deformidades e perda da função.
Como o lúpus é diagnosticado
O diagnóstico para lúpus não é tão simples, porque os sintomas podem variar muito de pessoa para pessoa e mudam com o passar do tempo.
Ainda não há nenhum exame ou teste específico para diagnosticar a doença, mas isso pode ser feito com segurança a partir de exames de sangue, urina e dos sintomas clínicos apresentados durante exame físico.
Os exames para mais comuns e úteis para diagnosticar o lúpus são:
- Exame físico;
- Exames de anticorpos, incluindo teste de anticorpos antinucleares;
- Hemograma completo;
- Radiografia do tórax;
- Biópsia renal no caso de suspeita de inflamação dos rins; Tratamento do lúpus
O tratamento do lúpus visa controlar os sintomas da doença para que a qualidade de vida do paciente seja mantida. Ele inclui o uso de medicações como anti-inflamatórios não esteroides — sendo que o uso de anti-inflamatórios é em casos específicos e por curtos períodos de uma ou duas semanas, no máximo e a cada 6 meses — principalmente quando o paciente tem lúpus com artrite e pleurisia, corticoide tópico para tratar pequenas lesões na pele e também artrite, antimaláricos e imunossupressores.
Algumas mudanças nos hábitos de vida podem ajudar no tratamento e na manutenção da qualidade de vida do paciente. São elas:
- Evitar se expor ao sol sem proteção;
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Não fumar;
- Manter uma alimentação saudável, com dieta balanceada e rica em cálcio.
O médico reumatologista é o especialista que trata lúpus e artrite, além de outras doenças reumáticas. Como o lúpus não tem cura, o paciente deve ser acompanhado durante toda a sua vida para que os sintomas sejam controlados. Por isso, muitos pacientes precisam recorrer a medicações que controlem lúpus e artrite.
Fontes:
Sociedade Brasileira de Reumatologia;
Especialista em lúpus – Dr. Marcelo Pavan;
MSD.