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Espondilite Anquilosante

6 min. de leitura

Doença é mais comum em homens e costuma surgir no final da adolescência. Muitas vezes, é de difícil diagnóstico, por isso a importância de procurar um especialista aos primeiros sinais que possam indicar sua presença

Espondilite anquilosante é uma doença inflamatória, autoimune, crônica, sem cura, que afeta os tecidos conjuntivos, especialmente as articulações da coluna. Entretanto, a doença também pode se manifestar nos quadris, joelhos, ombros e em outras regiões. Em casos mais graves, a espondilite anquilosante acarreta lesões nos olhos (uveíte), no coração (doença cardíaca espondilítica), nos pulmões (fibrose pulmonar), nos intestinos (colite ulcerativa) e na pele (psoríase).

A espondilite anquilosante pertence a uma família de doenças chamadas espondiloartrites, que também inclui a artrite psoriásica, artrite enteropática e artrite reativa. O termo espondilite significa inflamação da coluna, e anquilosante significa a fusão, ou solda, de dois ossos em um só.

Causas

Não se conhece a causa exata da doença. Porém, sabe-se que a espondilite anquilosante ocorre quando o sistema imunológico do corpo passa a atacar suas próprias articulações, por razões ainda não compreendidas. Normalmente, as articulações entre os ossos da coluna e/ou as articulações entre a coluna e o quadril (articulações sacroilíacas) são os primeiros alvos desses ataques.

Além disso, a espondilite anquilosante acomete mais os homens do que as mulheres, a partir do final da adolescência até os 40 anos. Se não tratada, pode tornar-se incapacitante.

Alguns estudos mostram que a doença é cerca de 300 vezes mais frequente em pessoas que herdam um determinado grupo sanguíneo dos glóbulos brancos, quando comparadas com aquelas que não possuem esse marcador genético, denominado HLA-B27.

Cerca de 90% dos pacientes brancos americanos e/ou europeus e 60% dos brasileiros com espondilite anquilosante são HLA-B27 positivos. A teoria mais aceita é a de que a doença possa ser desencadeada por uma infecção intestinal naquelas pessoas geneticamente predispostas a desenvolvê-la, ou seja, portadoras do HLA-B27. Como o HLA-B27 está presente em 7% a 10% da população, pouco mais de um em 100 indivíduos apresentará a doença.

Conhecendo a história da espondilite anquilosante

Supostamente, a espondilite anquilosante foi descoberta no segundo século depois de Cristo. Inicialmente, foi classificada como uma doença diferente da artrite reumatoide. No entanto, anos depois, foram observadas algumas evidências esqueléticas da doença, como ossificação das articulações e da êntese (local onde os tendões, que prendem os músculos aos ossos, e os ligamentos, que prendem os ossos uns aos outros, se “ligam” ao osso), no esqueleto de um homem com mais de 5 mil anos, encontrado em escavações arqueológicas egípcias. 

O anatomista e cirurgião Realdo Colombo descreveu o que pode ter sido um caso de espondilite em 1559. Mas a primeira descrição de alterações patológicas do esqueleto, provavelmente associada à espondilite anquilosante, foi publicada em 1691, por Bernard Connor.

Em 1818, Benjamin Brodie se tornou o primeiro médico a documentar um paciente com espondilite anquilosante associada à uveíte. Em 1858, David Tucker publicou um livro que descrevia um paciente que sofria de dor lombar e deformidades, o qual parece ter sido a primeira publicação americana de um caso típico de espondilite anquilosante

Sintomas da espondilite anquilosante

Os principais sintomas da espondilite anquilosante são:

– Dor nas costas, rigidez e desconforto crônico nesta região, principalmente pela manhã e que piora com o repouso;

– Dor ou vermelhidão nos olhos;

– Diarreias ou cólicas sem motivo aparente;

– Dor ou inchaço nas juntas (caso dos calcanhares, cotovelos e dedos);

– Lesões na pele.

Geralmente, as dores nas costas surgem com mais frequência na região lombar, essa dor costuma persistir por mais de três meses, diminui com o movimento e aumenta com o repouso.

A maioria das pessoas percebe os primeiros sinais e sintomas da espondilite anquilosante entre o final da adolescência até os 30 anos. No entanto, ela pode iniciar em qualquer idade.

É comum também que diferentes sintomas se apresentem, e as pessoas sintam diferentes níveis de desconforto e redução de mobilidade. Esses sintomas aparecem lentamente durante algumas semanas e podem desaparecer espontaneamente (são intermitentes) e recidivar depois de algum tempo.

Alguns pacientes se sentem globalmente doentes, cansados, perdem o apetite e peso. Eventualmente, o indivíduo também pode apresentar dor na planta dos pés, principalmente ao se levantar da cama pela manhã.

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Como é feito o diagnóstico da espondilite anquilosante

A espondilite anquilosante é mais facilmente diagnosticada pelo reumatologista, médico especializado em artrites e doenças autoimunes. O diagnóstico pode ser difícil, porque não há um teste específico para detectar a doença. Além disso, é comum que as pessoas que sentem dores nas costas acreditem se tratar de algum tipo de tensão física na região e acabam ficando sem um diagnóstico, pois não procuram ajuda de um especialista por muito tempo.

De maneira geral, para um diagnóstico da espondilite anquilosante, o médico avalia o histórico clínico do paciente e os sintomas apresentados, além de fazer o exame físico, momento em que o especialista examina as costas e procura por espasmos musculares, focando na postura e na mobilidade, examinando também outras partes do corpo para encontrar possíveis evidências.

Outros exames podem ser solicitados, como os de sangue (incluindo os que fazem rastreios mais específicos que avaliam a inflamação geral do corpo e para avaliar se o HLA-B27 está presente ou não) e de imagem (raios-x, tomografia computadorizada ou ressonância magnética), que avaliam as articulações sacroilíacas, da coluna e das juntas afetadas.

Tratamento

O objetivo do tratamento para controle da doença é aliviar os sintomas dolorosos e reduzir o risco de deformidades. Para tanto, pode-se recorrer ao uso de medicamentos (inicialmente, anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares. Caso o paciente não responda a essas medicações, recorre-se aos medicamentos modificadores da doença ou aos imunobiológicos, dependendo da manifestação da espondilite anquilosante), à fisioterapia e à cirurgia, se for necessário substituir a articulação do quadril, por exemplo.

O acompanhamento fisioterápico é fundamental para o portador da enfermidade manter um programa de exercícios posturais e respiratórios, a fim de fortalecer os músculos e favorecer a mobilidade das juntas.

Se não tratada, a espondilite anquilosante pode levar a uma fusão de algumas das vértebras, o que é chamado de anquilose. Essa fusão torna a coluna menos flexível e pode resultar em uma postura curvada para a frente e na perda da mobilidade. Se as costelas forem afetadas, a pessoa pode ter dificuldade para respirar profundamente, por exemplo.

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Como lidar com a espondilite anquilosante

Pessoas com a doença devem adotar alguns cuidados no seu dia a dia para evitar as recidivas e o agravamento do quadro. Os principais são:

– Praticar exercícios posturais e respiratórios indicados pelo fisioterapeuta, pois a imobilidade acelera a evolução da doença;

– Ter uma dieta balanceada que ajude a controlar o peso;

– Procurar manter a postura correta sempre, qualquer que seja a situação;

– Dormir em um colchão firme e sem ondulações para manter a coluna estável;

– Não se automedicar para aliviar a dor ou o desconforto.

Para que a espondilite anquilosante possa ser controlada, ela precisa ser adequadamente tratada. Por isso, é importante contar com um especialista em doenças reumáticas.

Fontes:

Fiocruz;

MSD;

Sociedade Brasileira de Reumatologia;

Especialista em Espondilite Anquilosante – Dr. Marcelo Pavan

Saiba mais sobre a espondilite anquilosante em nosso canal do Youtube

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