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Gota

8 min. de leitura

A gota é uma das mais conhecidas e historicamente bem descritas e documentadas dentre as doenças que afetam o corpo humano

A gota é entendida como a doença por depósito de cristais de monourato de sódio, também chamado de urato monossódico, ou seja, cristal de ácido úrico no organismo. Na maior parte do tempo é assintomática, porém, requer atenção uma vez que, a longo prazo, pode resultar na destruição total das articulações tornando-se incapacitante.

Saber combatê-la e impedir que cause as dores angustiantes que costuma provocar no paciente, é uma das prioridades da reumatologia. Veja, a seguir, informações complementares sobre a gota.

O que é gota?

Como mencionado brevemente acima, a doença é causada pela elevação do nível de ácido úrico no sangue. Essa elevação — sem entendimento específico de suas causas ainda — gera um depósito de cristais de urato monossódico nas articulações e em outras partes do corpo. É aí que temos a doença conhecida como gota.

É justamente esse depósito  que causa surtos de artrite aguda secundária, ou seja, uma inflamação bastante intensa nas articulações que traz muito sofrimento aos seus portadores em fase aguda, ou seja, ou quando o paciente está tendo crises de gota.

Quando a doença é subtratada por um período prolongado, os depósitos do cristal levam à destruição articular, mesmo com pouca dor. Isso causa debilidade e deformidades permanentes. Por isso é importante fazer o tratamento da gota também nas fases em que a doença está assintomática.

Importante ressaltar que nem sempre a presença de ácido úrico elevado resultará em gota, mas quando constatada é importante acompanhamento médico.

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Em quais partes do corpo ela se manifesta?

É muito comum que o sintoma inicial da gota seja um inchaço na articulação do dedo grande do pé, quadro conhecido como podagra. Não raro, tal inchaço se faz acompanhar por uma dor bastante intensa, de instalação aguda, de uma hora para outra. Outros locais comuns para o aparecimento da crise aguda são: bursa do cotovelo, tornozelos e joelhos. Em geral, a gota ataca uma única articulação por vez, especialmente nas primeiras crises.

A primeira manifestação da gota é frequentemente nos pés. Ela geralmente dura entre três e dez dias. Logo após, o inchaço e a dor desaparecem. Isto, infelizmente, às vezes faz com que o paciente não busque tratamento adequado junto a um reumatologista.

No entanto, uma segunda crise pode surgir em meses ou anos e comprometer novamente os pés, e até mesmo outras articulações. É comum que a gota atinja os membros inferiores. Pode haver comprometimento de qualquer articulação.

Casos não tratados adequadamente evoluem com o surgimento de tofos gotosos, que são nódulos que se manifestam nos joelhos, cotovelos, dedos das mãos e dos pés, e nas bursas e que frequentemente causam destruição articular e sequelas permanentes.

Quais as principais causas da artrite gotosa?

A elevação de ácido úrico no sangue, como dito, é a causa da gota, mas se o paciente tiver apresentado hiperuricemia, ou ácido úrico alto no sangue, não necessariamente ele terá gota.

Não obstante, vale frisar que apenas cerca de 20% das pessoas que apresentam elevada taxa de ácido úrico (hiperuricemia) irão padecer da doença – a qual, aliás, acomete muito mais homens adultos do que mulheres.

Há duas causas principais do aumento do ácido úrico no sangue: uma é a incapacidade do paciente de jogar o ácido úrico para fora do corpo, por causa de um defeito específico numa parte dos rins – órgãos responsáveis por eliminar o ácido úrico. Enquanto a outra causa é uma alteração no metabolismo da pessoa, que faz com que ela produza o ácido úrico em excesso.

3 sintomas comuns de gota

A sintomatologia da gota é predominantemente visual e sensitiva. Três dos sintomas mais comuns são:

  • Podagra – inchaço e vermelhidão súbitos e muito dolorosos nas articulações do primeiro dedo (o “dedão”) do pé;
  • Artrite aguda – inchaço e vermelhidão súbitos bastante dolorosos em outras articulações (tornozelos, punhos, joelhos, cotovelos), geralmente acometendo uma articulação por crise, no início
  • Formação de tofos pelos membros – “caroços” geralmente indolores, avermelhados, com conteúdo esbranquiçado e pegajoso dentro. Os tofos podem ferir-se e infectar-se facilmente, além de destruírem as juntas onde estão.

Como é realizado o diagnóstico?

O diagnóstico de gota, na primeira crise, é feito através de exames complementares específicos. Durante a crise, costumam estar alteradas as provas inflamatórias, por exemplo velocidade de hemossedimentação e proteína c reativa.

A dosagem de ácido úrico no sangue é imprescindível para o diagnóstico. No entanto, ela não deve ser feita no período próximo da crise. É necessário aguardar pelo menos um mês, pois durante a crise é como se o organismo “consumisse” o ácido úrico do sangue. Dessa forma, a dosagem pode vir falsamente baixa.

Exames complementares a estes são a taxa de ácido úrico na urina e, eventualmente, radiografia, ultrassonografia. Eventualmente, a tomografia de dupla energia define a presença dos cristais nas articulações.

Em consultório é verificada a presença de inchaço nas articulações, analisado os hábitos do cotidiano desse paciente, assim como o relato do começo da crise, e a possível presença de tofos gotosos.

Fatores de risco da artrite gotosa

Os fatores, ou comportamentos, de risco para a gota são vários, e todos estão ligados aos níveis de ácido úrico no sangue da pessoa.

Vamos conhecer alguns deles:

  • Alguns alimentos são classicamente ligados à piora da doença e às crises de Por exemplo, frutos do mar, carne vermelha em excesso e miúdos. Algumas pessoas têm crises ao ingerir esses alimentos, mas nem todas. Geralmente quando a doença está sob controle, pode-se voltar a comê-los (mas sem exagero);
  • O consumo exagerado de bebidas alcoólicas leva ao aumento do nível de ácido úrico, e se a doença estiver descontrolada, qualquer quantidade de álcool pode precipitar as crises de gota;
  • A gota, por ser uma doença que, às vezes, para de apresentar sintomas por completo, pode levar ao abandono do tratamento por parte do paciente – um erro grave a ser evitado, pelo grande risco de sequelas a longo prazo.

Logo, é importante evidenciar que a gota é doença crônica e que precisa de atenção. Não se fala em privação da alimentação ou do consumo de bebida alcoólica, e sim em ponderação por parte do paciente e adesão ao tratamento.

Tratamentos para gota

A gota é uma doença crônica, e devido a isto, não há uma cura definitiva para ela.

A maior parte dos casos de gota se dá devido a falhas na eliminação ou na produção do ácido úrico. Costumam ser indicados, contra a doença, medicamentos específicos que diminuem a taxa de ácido úrico no sangue, chamados de hipouricemiantes. Alguns dos medicamentos diminuem a produção de ácido úrico, enquanto outros estimulam a eliminação dele pelos rins. Dessa forma, cada um desses medicamentos é adequado a um grupo de pacientes.

Logo, podemos dividir os tratamentos de gota em duas etapas.

Quando em fase aguda

Quando o paciente está em crise de gota, ou seja, com dor intensa nas articulações. Esse tratamento é medicamentoso e age para minimizar o quadro de dor. Nessa fase não se deve aumentar ou diminuir os hipouricemiantes e, sim, utilizar-se de remédios de ação rápida para controle da inflamação.

Quando em fase crônica

Neste caso, o tratamento tem como intuito a prevenção das crises e da destruição das articulações em longo prazo. Isso se dá com o uso contínuo de medicação. Os remédios hipouricemiantes são os principais nessa fase. Importante notar que não há uma dose exata, fixa desses remédios. Dessa forma, eles devem ser ajustados para atingir um alvo de ácido úrico, que geralmente fica abaixo de 6.

Outro ponto a ser evidenciado é que ácido úrico alto sem crise de gota não precisa de tratamento,  a não ser que seu valor de referência esteja muito alto, ou haja outros fatores clínicos associados. Neste caso é importante acompanhamento para que não ocorra a evolução e uma crise.

Alimentação para quem tem gota

Uma dieta equilibrada é importantíssima quando se tem por meta diminuir a concentração de ácido úrico no sangue – e, por consequência, auxiliar no tratamento da gota. Alimentos saudáveis são o ideal. Cereais integrais, vegetais frescos, frutas e leite são alimentos considerados funcionais contra essa doença.

Entretanto, essa orientação é guiada com base no profissional que assiste a esses indivíduos e a fatores como doenças como a obesidade e a diabetes, por exemplo.

Recomendações que evitam crises de gota

Além de uma dieta equilibrada, é necessário, visando o combate a esta doença que causa tão graves danos aos que dela sofrem, algumas providências.

Vamos saber quais:

  • Prática constante de esportes – ao manter os ossos e músculos do corpo humano sadios, pode-se atenuar (às vezes, bastante) as crises de gota do indivíduo;
  • Alimentação adequada – como já observado, uma saudável e correta ingestão de alimentos (em especial, de itens como verduras e carnes magras) ajuda bastante no combate às crises de gota;
  • Exames médicos, como o que mede a presença de ácido úrico na urina, feitos de forma regular – através deles, pode-se prevenir episódios de gota ao se ajustar os remédios para atingir o alvo indicado.
  • Continuar com a medicação indicada pelo médico reumatologista, mesmo estando há meses sem nenhuma crise.

Reumatologista para o tratamento da gota

A especialidade médica que se dedica ao tratamento da gota é a reumatologia. Logo, se apresentou algum sintoma ou está em dúvida quanto a doença, agende uma consulta com o Dr. Marcelo Pavan.

Saiba mais sobre o conteúdo em nosso canal no Youtube:

Fonte:

Dr. Marcelo Pavan

Sociedade Brasileira de Reumatologia

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